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Candidatura de Queiroga em João Pessoa pode provocar desarranjo no bolsonarismo

 

A possível candidatura do médico e ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a prefeito de João Pessoa não parece mais apenas um sonho pessoal e ganha plausibilidade a partir de nota publicada na imprensa nacional segundo a qual o ex-presidente Jair Bolsonaro já teria conversado com a direção nacional do PL (Partido Liberal) sobre o assunto. Teria, inclusive, conseguido aval para a empreitada.

Antes, havia duas ou três declarações do próprio Queiroga manifestando o desejo de ser candidato. Na última, ele chegou a adiantar que teria buscando o apoio de uma agência de marketing para melhorar sua comunicação com a população da Capital, sinal de que a intenção estaria se materializando.

Com tudo isso, é difícil desacreditar das informações. O médico Marcelo Queiroga continua com estreito relacionamento com a família Bolsonaro, mantendo contatos telefônicos quase diários com a ex-primeira Michele Bolsonaro e frequentes com o ex-presidente, segundo revelações do próprio ex-ministro.

Além dessa proximidade de relacionamento, tem-se que o plano do ex-presidente Bolsonaro é escalar ex-ministros e aliados mais fiéis para a disputa das eleições municipais do próximo ano nas capitais e grandes cidades. O grau de fidelidade seria o guia das escolhas. Assim, não há dúvida de que Queiroga poderá ser o ungido da cúpula bolsonarista na Paraíba.

A questão de uma possível ausência de viabilidade eleitoral de entrada deverá ser mitigada em João Pessoa e outras praças com a alegação de que todo candidato bolsonarista já parte com uma base superior a 20%, ainda mais na capital paraibana onde os candidatos ligados ao ex-presidente foram os mais votados nas eleições estaduais.

O problema é que essa visão atropela os bolsonaristas locais, especialmente o comunicador Nilvan Ferreira, também do PL, mais votado no primeiro turno das eleições para governador na cidade e candidato que disputou o segundo turno nas eleições municipais de 2020. O deputado Walber Virgolino já manifestou resistências, mas o embaraço deverá ser mesmo a situação de Nilvan, que nutre forte simpatia dos eleitores da periferia e se mostra determinado em seus projetos e convicções. Para aplacar os atritos, Queiroga negou as conversas de Brasília.

Claro que haverá sempre a possibilidade de convencimento, entendimento e acordos, mas, dificilmente, Nilvan arredará de sua candidatura a prefeito, o que poderá ser empecilho para Queiroga ou resultar em racha no partido. Além disso, talvez seja preciso dispensar atenção ao pastor Sérgio, que, em 2022, driblou apelos pela unidade e apresentou seu projeto próprio de candidatura ao Senado, restando evidenciado que a cúpula do bolsonarismo não dispõe do poder de convencimento ou de coerção que imagina.

A candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga vislumbra-se estratégica para o ex-presidente Bolsonaro, mas pode ser causa de desarranjo no bolsonarismo em João Pessoa.

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