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Chile elege neste domingo membros de conselho que vai redigir nova Constituição

O Chile elege neste domingo o conselho de 50 membros que redigirá a nova proposta de Constituição, que substituirá a herdada da ditadura de Augusto Pinochet, após a rejeição de um primeiro texto em setembro de 2022.

As pesquisas mostram o desinteresse dos eleitores diante dessa nova tentativa de renovação das bases constitucionais após a violenta eclosão social de 2019, que revelou uma sociedade desigual e fraturada.

“Ainda tenho fé que podemos ter uma nova Constituição. Com a que temos, há coisas que ficam no ar e que privilegiam uns mais do que outros”, disse Francisco Carrasco, técnico aeronáutico de 33 anos, disse à AFP depois de votar em uma escola em San Bernardo, no sul de Santiago.

Mais de 15,1 milhões de chilenos são obrigatoriamente chamados às urnas para escolher, entre 350 candidatos, o chamado Conselho Constitucional. No entanto, o nível de participação é altamente incerto.

Este órgão receberá, para sua revisão e ajustes, um texto previamente elaborado por especialistas com 12 princípios essenciais que não podem ser modificados, por exemplo, aquele que consagra o Chile como uma economia de mercado com participação estatal e privada .

O conselho, que estará em sessão a partir de junho, deve entregar o projeto de Carta Política a ser submetido a um plebiscito de ratificação em 17 de dezembro.

“Quero que haja uma mudança aqui no Chile , que mudemos a Constituição do que estamos vivendo agora. Esperamos um avanço nisso que viemos votar. Parece-me que pode haver uma mudança nisso “, disse Juana Vega, por sua vez. 67 anos e que trabalha como empregada doméstica.

As assembleias de voto abriram às 08h (horário local; 9h em Brasília) e encerram às 18h (horário local; 19h em Brasília). Os resultados serão conhecidos cerca de duas horas depois.

“Não há margem para erro desta vez”
Esta é a segunda tentativa do Chile em dois anos de substituir a Carta Magna redigida em 1980 pela ditadura (1973-1990), e que foi alterada em diversas ocasiões, a mais substantiva em 2005.

Um texto anterior elaborado por uma Assembleia Constituinte dominada pela esquerda foi rejeitado por 62% dos votos no plebiscito realizado em 4 de setembro de 2022.

“Como país, temos uma oportunidade histórica de nos reconciliar após as fraturas que vivenciamos e avançar para um país desenvolvido e inclusivo, onde todos cabem”, disse o presidente Gabriel Boric, votando em sua cidade natal, Punta Arenas, a cerca de 3.000 km ao sul de Santiago.

“Desta vez não há margem para erro”, enfatizou o presidente.

Cinco listas disputam a votação deste domingo: duas da esquerda governista e três da direita opositora, favorita nas pesquisas.

O conselho será formado por 25 homens e 25 mulheres e, diferentemente da votação anterior, não tem vagas reservadas para indígenas, que no processo anterior ocupavam 17 das 155 cadeiras.

Desta vez não participam forças independentes (só podiam ser inscritas listas formadas por partidos políticos) e competem apenas dois mapuches, a maior etnia do país.

O novo processo constitucional despertou pouco entusiasmo na população. Apenas 31% dos chilenos manifestam interesse, segundo pesquisas, ante 60% que incentivavam o processo anterior.

Entre os chilenos, a preocupação com insegurança ou baixa renda é maior do que com uma nova Constituição.

“Quero votar para mudar o crime, o que estamos vivendo todos os dias”, diz Nelly Rainao, uma auxiliar de limpeza de 38 anos.

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